Secretário de Cultura é demitido após a polêmica de vídeo com referências ao nazismo

O secretário nacional da Cultura, Roberto Rego Pinheiro, foi exonerado do cargo nesta sexta-feira após as polêmicas geradas em torno de um vídeo, no qual o secretário adota um discurso semelhante ao de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler durante o governo da Alemanha nazista.
A exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, no início da tarde. Até aquele momento, o governo não havia indicado um substituto para o cargo. A fala, que repercutiu fortemente entre as redes sociais nesta madrugada, também gerou inquietação nos meios artístico e político.
O vídeo postado por Roberto Alvim (como é conhecido o secretário) comunicava o recém-criado Prêmio Nacional das Artes. Nele, o secretário aparece ao lado de uma cruz e de uma bandeira brasileira, tendo ao fundo a foto oficial do presidente Jair Bolsonaro. Durante seu discurso, Roberto Alvim parafraseia um trecho de um discurso de Goebbels, proferido em Berlim, em 8 de maio de 1933, perante diretores de teatros alemães.
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”, afirma Alvim no vídeo.
“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferrenhamente romântica, será desprovida de sentimentalismo e objetiva, será nacional com um grande pathos e será ao mesmo tempo imperativa e vinculante – ou não será”, disse Goebbels no discurso, que é reproduzido em vários livros sobre o nazismo.
Para além da “coincidência retórica” com fala de Goebbels, como justificou o secretário em suas redes sociais, o vídeo ainda apresenta, ao fundo, uma música do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), extraída da ópera Lohengrin. O artista escreveu ensaios nacionalistas e antissemitas, e foi tomado pelos nazistas como exemplo de superioridade musical e intelecto.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediram a demissão imediata do secretário. Em nota, Bolsonaro afirmou que a permanência de Alvim no governo ficou “insustentável”.
As afirmações de repúdio do presidente contrastam com sua fala em uma live do Facebook, feita no dia anterior, ao lado do agora ex-secretário, na qual Bolsonaro diz: “Ao meu lado aqui o Roberto Alvim, o nosso secretário de Cultura. Depois de décadas, agora temos sim um secretário de cultura de verdade, que atende o interesse da maioria da população brasileira, uma população conservadora e cristã.”
Apologia ao nazismo é crime, ele deveria responder legalmente por essas declarações.