Oito em cada 10 brasileiros se automedica: entenda os riscos

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Atire a primeira pedra quem nunca tomou um analgésico por conta própria, um medicamento indicado por um conhecido ou pesquisou sintomas e se automedicou após uma “consulta” na internet. A automedicação é um hábito comum a 80% dos brasileiros, número que, após uma queda em 2016, passou a crescer nos últimos dois anos. Em 2014, eram 76%, caindo para 72% em 2016, mas voltando a subir para 79% em 2018 e chegando a 81% em 2019, apontou uma pesquisa do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade. O Conselho Federal de Farmácia (CFF) confirma o índice e acrescenta que quase metade dos brasileiros se automedica ao menos uma vez por mês e 25% o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana.

No topo da lista, antigripais e analgésicos. As mulheres são as que mais usam medicamentos por conta própria, 53%. Familiares, amigos e vizinhos, e a internet, são os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição. Um comportamento que coloca a vida em risco.

De acordo com o Ministério da Saúde, de 2010 a 2015, mais de 60 mil pessoas foram atendidas nas Emergências dos hospitais em decorrência da automedicação. Desde 1994, o uso incorreto de medicamentos mata mais brasileiros do que intoxicação alimentar ou por agrotóxicos. Em Goiás, somente de janeiro de 2015 a junho de 2016, a Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) registrou 45 óbitos por intoxicação medicamentosa, em Goiás.

O número também é preocupante no mundo, segundo entidades ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU), de abril de 2019, tomar medicação sem prescrição médica pode matar até 10 milhões de pessoas por ano até 2050, em todo o mundo. Além disso, o alerta sobre o uso excessivo de medicamentos vai além da intoxicação, esbarrando na consequente resistência antimicrobiana e ao fortalecimento das superbactérias. “Uma ingestão equivocada pode levar a risco de intoxicação, lesões renais, hepáticas do fígado e estômago. Mas uma dosagem administrada de forma incorreta pode levar ao envenenamento”, alerta o gerente farmacêutico da Santa Marta, Adriano Umbelino de Souza.

No ano de 2014, foi aprovada a Lei Nº 13.021, segundo a qual adquirir e utilizar medicamentos passou a ser uma prática mais segura no Brasil, já que garante a presença de um farmacêutico nas farmácias durante todo o funcionamento. É uma legislação que reconheceu a farmácia como um estabelecimento oficial de saúde com orientação sanitária coletiva e individual. “Por mais que hajam medicamentos escritos na caixa que o item é isento de prescrição, é preciso sempre perguntar a um farmacêutico, ele é o profissional da saúde mais acessível à população. Não é necessário agendar um horário para consultar e estamos à disposição nos balcões. A automedicação precisa ser evitada e combatida”, ressalta o gerente farmacêutico.

 

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