Morre Kiraz, uma das irmãs siamesas separadas em cirurgia inédita realizada em Goiás

Kiraz, uma das gêmeas siamesas unidas por tórax, abdômen e bacia, faleceu nesta segunda-feira (19/5), aos 1 ano e 6 meses de idade, após complicações decorrentes da complexa cirurgia de separação realizada em Goiânia. A morte foi confirmada pelo Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) nesta terça-feira (20), após a conclusão do protocolo de morte encefálica.
A cirurgia, considerada uma das mais delicadas já feitas no país, ocorreu no dia 10 de maio e durou mais de 19 horas. Participaram do procedimento mais de 50 profissionais da saúde, incluindo 16 especialistas, sob a coordenação do cirurgião pediátrico Zacharias Calil. As irmãs, naturais de Igaraçu do Tietê (SP), passaram mais de um ano em preparação para o procedimento, que incluiu a retirada de uma terceira perna compartilhada.
Classificadas como siamesas esquiópagas triplas — condição rara em que os corpos estão unidos pela pelve com três membros inferiores — as meninas dividiam estruturas ósseas e órgãos vitais, o que elevou o risco cirúrgico.
Desde o término da operação, Kiraz estava internada na UTI do Hecad, em Goiânia, sob cuidados intensivos. A morte encefálica foi diagnosticada por meio de uma série de exames clínicos e neurológicos realizados por equipe especializada.
A irmã Aruna segue internada em estado grave, com sinais clínicos considerados compatíveis com a fase atual do pós-operatório. Segundo o boletim médico, ela está sedada, em ventilação mecânica, recebendo medicamentos para manutenção da pressão arterial e sob monitoramento constante.
O hospital informou que presta apoio contínuo aos pais e familiares das crianças e destacou o empenho da equipe multiprofissional envolvida, ressaltando a complexidade e os desafios do caso. A cirurgia representa um marco para a medicina pediátrica no estado de Goiás, mesmo diante da perda.
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