Fiscalização eletrônica em Goiânia ganha reforço tecnológico e levanta debates sobre segurança e privacidade

"Fiscalização eletrônica em Goiânia: tecnologia de ponta gera segurança e debate sobre privacidade"

(Foto: Wigor Pereira)

Goiânia retoma a fiscalização eletrônica nas vias urbanas com equipamentos de última geração. Além dos tradicionais radares de velocidade, câmeras inteligentes agora monitoram infrações como uso de celular ao volante, desrespeito ao sinal vermelho e ausência de cinto de segurança em tempo real. A ação, coordenada pelo novo Centro de Controle Operacional da Prefeitura, busca aumentar a segurança viária, mas também reacende discussões sobre privacidade e eficácia dos investimentos.

As novas câmeras, com visão 360 graus e zoom de alta precisão, ampliam a capacidade de identificação de violações em diferentes regiões da capital. Para a especialista em mobilidade urbana Patrícia Margon, professora do IFG, a medida é positiva. “A fiscalização visa fazer cumprir regras que já existem, não criar novas. Muita gente fala em ‘indústria da multa’, mas estamos falando de regulamentação de infrações que colocam vidas em risco”, destacou em entrevista ao Sistema Sagres.

Contudo, Patrícia aponta desafios, como a distinção entre motoristas profissionais e aplicativos. “Precisamos pensar também na adaptação a novos hábitos”, ponderou. O sistema também gera dúvidas sobre seu potencial para melhorar a fluidez do trânsito. A especialista questiona a prioridade em sincronizar semáforos com tecnologias caras, como em cidades europeias, destacando as particularidades de Goiânia. “Temos uma mancha urbana extensa, com deslocamentos longos. Será que é esse o investimento mais necessário agora?”, indagou.

Além da fiscalização, as câmeras auxiliam na segurança pública, identificando veículos com mandados de prisão ou roubo, conforme explicou o secretário de Engenharia de Trânsito, Tarcísio Abreu. “O prefeito tem falado muito sobre isso: Goiânia será a cidade mais segura do país”, afirmou.

Por outro lado, advogados alertam para a necessidade de transparência no uso dos dados. Rafael Maciel ressalta que “não é porque o objetivo é combater a criminalidade que se pode ignorar a proteção à privacidade”. Atualmente, 12 câmeras estão em operação, com previsão de chegar a 100.

A iniciativa busca reduzir sinistros – termo preferido por Patrícia em vez de “acidentes”, já que a maioria dos casos resulta de infrações. “As câmeras ajudam a mostrar isso com clareza”, finalizou.

Fonte: Sagres

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