Jovem que sofreu queimaduras por colega relata em audiência perda de autoestima devido a cicatrizes e faz apelo por justiça: ‘Quero viver’

Na última quinta-feira (13), Marianna Cristina Gonçalves, uma jovem de 18 anos, revelou em uma audiência presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara que perdeu sua autoestima depois de ter sofrido queimaduras em 49% do seu corpo, causadas por uma colega de sala na escola em Goiânia. Marianna compartilhou que as sequelas físicas e psicológicas do ataque têm afetado sua vida profundamente.”Estar ciente de que meu corpo nunca mais será o mesmo afeta-me imensamente.
Estou em uma fase da vida em que quero viver e aproveitar festas, mas há lugares aos quais não posso ir e nos quais não me sinto confortável”, lamentou Marianna emocionada.A defesa de Islane, acusada do ataque, afirma que a jovem sofre de transtornos psicológicos e psiquiátricos, comprovados por um laudo pericial emitido pela Junta Médica Oficial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás em janeiro deste ano.

O advogado Alllan Hanhnemann argumenta que Islane nunca teve a intenção de matar a vítima, mas reagiu emocionalmente devido aos transtornos que enfrentava em decorrência do bullying que sofria. Durante a audiência de instrução, Marianna, que ficou internada por 67 dias devido às queimaduras, afirmou que não tinha nenhum relacionamento prévio com a acusada, Islane Pereira, que se encontra detida.
O crime ocorreu em março de 2022, quando Islane alegou que Marianna teria praticado bullying contra ela devido a um bronzeado. No entanto, a vítima negou as acusações e busca justiça.”Espero, de todo coração, que a Justiça seja feita da maneira mais justa e correta possível.
A verdade é única. A verdade está no meu depoimento. Não houve nenhuma ofensa, nenhum bullying direcionado a ela. Na verdade, nunca tivemos contato. Sinto-me aliviada por compartilhar isso”, afirmou Marianna.Durante a audiência, o juiz Jesseir Coelho, o Ministério Público de Goiás (MPGO) e a defesa de Islane ouviram Marianna, seu pai e uma funcionária da escola onde o crime ocorreu.
O MPGO e a defesa solicitaram o adiamento da sessão devido à ausência de algumas testemunhas, resultando na não prestação de depoimento por parte de Islane.Antes do pedido de prorrogação, concedido pelo juiz, a defesa de Islane solicitou a revogação da prisão, citando problemas de saúde enfrentados pela acusada. Jesseir explicou ao G1 que o MPGO tem cinco dias para analisar o pedido, após o qual o magistrado decidirá se concorda ou não com a proposta do MPGO.
Em uma declaração, a defesa de Islane explicou que, como a fase de coleta de provas ainda não foi concluída devido à ausência de testemunhas, a prisão é considerada ilegal, pois viola os direitos e princípios fundamentais da acusada. Portanto, foi solicitada a revogação da prisão ou, pelo menos, sua substituição por prisão domiciliar, a fim de permitir que a jovem receba tratamento psicológico e psiquiátrico adequado.
Após a audiência, Marciene Gonçalves, mãe de Marianna, afirmou que acredita no sistema judiciário e espera que Islane seja responsabilizada por suas ações.”Foi um ato monstruoso, sem justificativa alguma. Muitas pessoas perdem a fé em nossa Justiça, mas eu quero acreditar que tudo dará certo”, disse.